loader image

Medicina Tradicional Tibetana

MEDICINA TRADICIONAL TIBETANA

A Medicina Tradicional Tibetana é um sistema médico completo, é uma das mais antigas formas da medicina e tem sido usada por mais de 2.500 anos.

Por muitos séculos, a medicina tibetana tem sido praticada com sucesso no Tibete, Mongólia, regiões budistas da Rússia e da Ásia Central, e nos reinos do Himalaia do Nepal, Sikkim, Butão, Ladakh e norte da Índia. A Medicina Tibetana é chamada de GSO-ba rig-pa, ou ciência da cura e é baseada em quatro tantras médicos, chamados rGyud-bzhi, que são o tantra raiz, tantra explicativo, tantra instrucional e o tantra subsequente.

O tantra raiz dá uma visão global dos quatro tantras; o tantra explicativo descreve em detalhes o corpo humano, incluindo a embriologia, anatomia e fisiologia; o tantra da instrução descreve as casas, sintomas e tratamentos dos muitos tipos diferentes de doenças; o tantra subsequente lida com o diagnóstico e a farmacologia.

Na Medicina Tradicional Tibetana, encontramos a teoria dos 5 elementos e os mesmos princípios universalistas das medicinas orientais, porém, com um grande conhecimento da Anatomia e Fisiologia Humana, onde a forma (anatomia) e função (fisiologia) se juntam para proporcionar ao ser humano uma vida mais saudável através da alimentação e exercícios físicos, que, combinados, levam ao corpo a energia saudável dos alimentos e a queima das toxinas pelos exercícios físicos e pela absorção de oxigénio puro na respiração controlada de cada exercício.

Na MTT, encontramos a mesma relação fisiológica dos cinco elementos com os órgãos, funções e partes do corpo já vista na MTC. O princípio básico da Medicina Tibetana é equilibrar as três energias principais ou Nyipa soma, que organizam a vida no corpo humano.

As três energias são Loong, mkhris-pa e Bad-Kan. Loong é o fluxo subtil de energia que circula por todo o nosso corpo e ajuda a todos os movimentos e atividades ligadas à mente, fala e corpo. MKhris-pa é uma energia de calor que circula por todo o corpo e equilibra a temperatura corporal, a digestão e a vitalidade. Bad-Kan é uma energia de um fluído que circula por todo o corpo e mantém as articulações flexíveis e auxilia o funcionamento da estabilidade física e do sistema linfático.

Quando estas três energias estão em equilíbrio, o nosso corpo está saudável, e quando ocorre um desequilíbrio, o nosso corpo torna-se doente. Os termos Loong, mkhris-pa e Bad-kan, apresentados no texto, foram mantidos na sua grafia original pelo fato de não existir traduções equivalentes em inglês ou português para eles.

Medicina Tradicional Tibetana

O objetivo do tratamento dentro da Medicina Tradicional Tibetana é equilibrar e corrigir as três energias principais. Ela não é baseada em magia, mistério ou milagres de cura, ela baseia-se num antigo sistema de medicina que tem sido ensinado de geração em geração.

A MTT, como é conhecida hoje, é o culminar da experiência e conhecimento dos médicos aprimorados através do curso de muitos séculos, como o mel coletado numa vasilha, que não pode ser produzido a partir de uma única flor. Não há fim para o conhecimento da cultura médica Tibetana.

O tratamento na Medicina Tradicional Tibetana visa sempre a causa da doença e não os sintomas. Sem tratar a causa da doença é o mesmo que ter uma árvore venenosa e apenas cortar-lhe as folhas e galhos e não eliminá-la pela raiz, ela vai continuar crescendo.

Por exemplo, um paciente com enxaqueca recebe analgésicos para aliviar a dor, mas quando o efeito desaparece, ele precisa tomar mais analgésicos para aliviar a dor. Ou seja, a dor não é o problema, nem tampouco a enxaqueca, que, na maioria dos casos, é provocada por uma prisão de ventre crónica. Trata-se a prisão de ventre que é a causa e acaba-se a enxaqueca.

Também na MTT os cinco elementos estão envolvidos nos 3 processos, que são:

A criação: O nosso corpo é criado, ainda na fase embrionária, pelos cinco elementos num sistema em que cada elemento participa da formação de um órgão sólido, um órgão oco e uma das artérias principais.

A permanência: Permanecer vivo, viver, graças à sua presença.

A destruição: A morte. No final da vida, perdemos o nosso equilíbrio porque se destruirão no interior do corpo para simbolizar a impermanência e a conclusão da dissolução. Tudo se dissolve, e o que passa a existir é pura energia em corpos mais subtis, numa outra dimensão, que é um estado intermediário entre a morte e a próxima vida.

Medicina Tradicional Tibetana

 

Os Quatro Tantras da Medicina

A Medicina Tradicional Budista, na qual a Tibetana está inserida, é um tema extremamente vasto, por isso, descrevo aqui um breve apanhado. Aqueles que desejarem aprofundá-lo devem estudar os textos que são o seu fundamento, isto é, os Quatro Tantras da Medicina:

O Tantra Raiz;

O Tantra Explicativo;

– O Tantra das Instruções Particulares;

– O Tantra subsequente ou de Conclusão.

O Tantra Raiz é comparado a uma semente contendo potencialmente todos os elementos da Medicina, da mesma maneira que uma semente vegetal contém virtualmente a totalidade da planta.

O Tantra Explicativo, tratando da anatomia e do diagnóstico, é semelhante ao sol e à lua que iluminam o mundo, na medida em que esclarece todos os elementos necessários.

O Tantra das Instruções Particulares expõe o tratamento das doenças; ele é comparado à “jóia que realiza os desejos”, pois responde a todas as necessidades do médico em matéria de remédios.

O Tantra Subsequente ou de Conclusão, por sua vez, assemelha-se ao diamante, oferecendo um domínio completo da medicina.

Os remédios são a base da Medicina Tradicional Tibetana. Eles são feitos principalmente de ervas, mas também inclui várias substâncias minerais. Cada medicamento pode ter mais de cinquenta ingredientes, que são misturados e encapsulados em forma de pílulas. Elas devem ser mastigadas e tomadas com água quente, caso contrário, elas não se dissolvem. Elas são muito duras, mas os Tibetanos têm dentes muito fortes.

Caso o paciente não consiga mastigá-las, pode-se envolvê-la num lenço e martelá-la até esmagar totalmente e depois engolir. Uma das vantagens dos medicamentos da Medicina Tradicional Tibetana é que eles não têm efeitos secundários e se parecem um pouco com a homeopatia. Ou seja, existem partículas da doença na formulação do remédio, o que propicia a concentração da doença e facilita a atuação do remédio que irá combatê-la.

Os remédios tibetanos têm sabores que estimulam as secreções na boca e no trato digestivo. O gosto é normalmente horrível, mas faz parte do procedimento médico, pois vai estimular o corpo a desprender uma série de enzimas que irão atuar no processo de cura.

Na Medicina Tradicional Tibetana, os medicamentos são classificados conforme o seu sabor, diferentemente da Medicina Chinesa com os cinco elementos e a teoria do Yin e yang; nem a classificação das qualidades de rajas, sattva e tamas da medicina Ayurvédica.

Os sabores são adequados aos diferentes tipos de distúrbios. Na Medicina Tibetana, não se usa muito a massagem, no entanto, é comum a aplicação de óleos medicinais para a maioria das doenças, sem fazer um tipo manipulativo de massagem.

Na Medicina Tradicional Tibetana, existe uma forma de acupuntura, que é diferente da chinesa. Os pontos são diferentes e as descrições dos canais em que as energias se movem através do corpo são diferentes. Os tipos de agulhas usadas também são diferentes. Os tibetanos usam agulhas de vários materiais, sendo as de ouro as mais comuns. Essas normalmente são usadas na parte macia do topo da cabeça para estimular os vários nervos do local, normalmente são usadas para doenças como a epilepsia.

Na Medicina Tradicional Tibetana, também se usa a Moxabustão, porém, a aplicação de calor ou de queimaduras, em diferentes partes de corpo, são feitas nos mesmos pontos em que se faz a acupuntura. Esta é a teoria de que há um bloqueio do fluxo de energia dos canais principais e assim queimando ou estimulando estes pontos com agulhas, o bloqueio é removido.

Existem várias formas de desbloqueio, sendo a forma mais suave a utilização de pedras quentes em pontos específicos do corpo. Essas pedras são brancas com listras pretas chamadas de pedra “zi”, uma pedra especial encontrada somente no Tibet. Ela é aquecida pela fricção numa placa de madeira e aplicada nos pontos de tratamento. Isto é muito eficaz. Embora o sistema médico Tibetano seja antigo e muito complexo, ele pode se adaptar muito facilmente às doenças modernas e pode ser muito útil para vários tipos de distúrbios.

As Medicinas antigas, como foi visto acima, evoluíram ao longo do tempo até o ponto em que a conhecemos hoje, cheias de recursos, porém, mantendo as suas tradições de cura, as suas filosofias de relacionamentos e as suas teses científicas. Todavia, acredito que uma outra medicina, mais ligada à terra, tenha dado origem às actuais medicinas orientais, permitindo uma evolução até ao ponto em que hoje se encontram. Esta medicina, que serviu de base para as medicinas orientais, é com certeza, a Medicina Naturista.

Renato dias

Do livro: O LIVRO VERMELHO DA SAÚDE

Inscreva-se na nossa Rede Social ATIVISTA DA NOVA ERA e faça download do livro no seguinte link:

http://ativistadanovaera.ning.com/page/biblioteca

 

Receba as nossas novidades no seu email!

Não enviamos spam! Leia a nossa política de privacidade

Partilhar: