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Se os seres iluminados não têm filhos e os neuróticos não estão aptos para a paternidade, qual é a altura certa?

Os seres iluminados não têm filhos; as pessoas neuróticas não os deviam ter. Entre os dois, há um estado de saúde mental, de não-neurose: não se é neurótico nem iluminado, mas simples­mente saudável. Mesmo a meio – é a altura certa para a paternida­de, para se passar a ser mãe ou para se passar a ser pai.

O problema é o seguinte: as pessoas neuróticas têm tendência a ter muitos filhos. As pessoas neuróticas, na sua neurose, têm tendência para criar um espaço muito ocupado à sua volta. Não deviam fazê-lo, pois isso consiste em esquivarem-se. Deviam enfren­tar a neurose como um facto, e ultrapassá-la.

Uma pessoa iluminada não precisa de ter filhos. Deu-se à luz a si mesma. Depois, não há necessidade de dar mais nada à luz. Passou a ser pai e mãe de si própria. Tornou-se um ventre para si própria, e renasceu.

Mas entre os dois, quando não há neurose, meditamos, ficamos um pouco atentos, conscientes. A nossa vida não é só escuridão. A luz não é tão penetrante como quando alguém se torna um Buda, mas ainda há uma ténue luz de castiçal. É essa a altura certa para se ter filhos, pois então pode transmitir-lhes parte do seu conhecimen­to. Senão, o que lhes pode dar? Dar-lhes-à a sua neurose.

Uma vez, ouvi…

Um homem com dezoito filhos levou-os a um espectáculo com vacas. O espectáculo incluía um boi de prémio que valia oito mil libras e um bilhete que custava cinco pence. O homem achou o valor exorbitante, mas como os filhos queriam ver o animal, aproximaram-se da entrada da cerca. O empregado perguntou:

São todos seus filhos, senhor?

São, sim – disse o homem. – Porquê?

O empregado respondeu:

Se esperarem aqui um bocadinho, trago o touro para os ver! Dezoito filhos! Até o touro sentiria inveja.

Você repete inconscientemente as suas próprias réplicas. Pri­meiro, deve pensar: estarei em tal estado que, ao dar à luz uma criança, darei um bem ao mundo? Serei uma bênção ou uma maldição para o mundo? E a seguir, pensar: estarei preparada ou preparado para ser mãe ou pai de um filho? Estarei preparado para dar amor incondicional? Porque as crianças vêm através de nós mas não nos pertencem. Podemos dar-lhes amor, mas não devemos impor-lhes as nossas ideias. Não devemos proporcionar-lhes estilos de vida neuróticos. Permitirei que floresçam à sua maneira? Dar-lhes-ei a liberdade de serem eles próprios? Se esti­ver preparado ou preparada, pode seguir em frente. Caso contrá­rio, deve esperar, preparar-se para isso.

Com o homem, o mundo conheceu a evolução consciente. Não seja como os animais, a reproduzirem-se inconscientemente. Prepare-se antes de querer ter um filho. Torne-se mais meditativo, torne-se mais pacífico e sossegado. Liberte-se de toda a neurose que tem em si. Espere pelo momento em que esteja absolutamente limpo, e depois dê à luz uma criança. Então, dê a sua vida e o seu amor a essa criança. Estará a ajudar a criar um mundo melhor.

Fonte: 
Osho, O Livro da Criança – Uma Visão Revolucionária da Educação Infantil, Pergaminho, 2004

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