A Responsabilidade
Um dos problemas com que o adito se depara, que contribuiu para o seu sentimento de desajuste e assim para o desenvolvimento da sua doença são os conceitos que lhe foram passados e que ele tomou como verdade. Esses conceitos estão desajustados á realidade em que vive, provocando conflito interior.
Um dos conceitos mais destrutivos que o Adito tomou como verdade é o conceito de Responsabilidade. A Responsabilidade, como eu a apreendi, é um conceito muito valorizado pela sociedade, uma vez que torna as pessoas previsíveis…
Antes eu achava que ser responsável era cumprir a minha palavra. Então, por exemplo, eu tinha combinado com alguém um jantar. Mas naquele dia não podia, por algum motivo, mas como tinha dado a minha palavra, tinha que ir… Não só ia fazer um frete, e por isso ser uma má companhia, como tinha que desorganizar toda a minha vida para cumprir algo que me tinha proposto num momento em que isso era possível… Mas as circunstâncias tinham mudado… E mesmo assim, eu tinha que cumprir a minha palavra…
E quando não queria cumprir com a minha promessa, tinha que arranjar uma desculpa bem plausível para não “assumir a minha responsabilidade” então inventava desculpas (tragédias, mortes, doenças…), mentiras… para que a minha “falta” fosse bem justificada…
Quando era tão simples quanto informar, apenas, a pessoa, que isso não me seria possível…
Ser responsável era assumir tarefas e deveres, mesmo quando eu não queria… Eu sentia-me obrigada a cumprir, porque eu era “responsável”.
Eu achava também que era responsável pelo bem-estar das outras pessoas…
No fundo era um leque de regras a serem seguidas rigidamente ou então seria penalizada…
Esse conceito de responsabilidade levou-me ao desespero, á destruição; por fim já não queria assumir nenhum papel, tarefa, nada, com medo de me sentir obrigada, presa, no fundo, ás minhas promessas… fugia das “responsabilidades” pois estava farta de ter que me obrigar a fazer coisas que eu não queria…
Quando fui internada explicaram-me que ser responsável não é nada disso. Foi um alivio tão grande… afinal a minha única responsabilidade era estar bem e ser feliz…
A única coisa que eu tenho responsabilidade é em estar bem. Se marquei um encontro sou responsável por dizer que não vou (se for esse o caso). Se me atrasei por algum motivo, aviso a pessoa que vou chegar mais tarde…
Se tiver que assumir uma nova verdade, perfeito – nós estamos sempre em mudança. No fundo esse conceito antigo era uma forma de controlar as coisas – obrigamos os outros a serem sempre como nós esperamos, mas isso é impossível e além do mais, destruidor. É como plantar uma semente e colocar um bloqueio para que ela não cresça mais do que aquilo ou tomar esse formato.
Nós não somos seres feitos para ser formatados… A nossa essência é dinâmica e a única verdade é a evolução e o crescimento. O que nos torna doentes são esses conceitos que tomámos como verdade.
Além disso, eu sou responsável pela minha realidade. Sou responsável por tudo o que acontece na minha realidade, e sou responsável por mudar em mim o que é necessário para criar a realidade que desejo.
Elisabete Milheiro
Do Workshop A RESPONSABILIDADE