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Aceitação

Princípios básicos para cuidar de si mesmo

Aprenda a arte da aceitação – 5ª Parte

Aceitação


É isso. Depois de fechar os olhos, gritar, espernear e negociar, finalmente sentimos a dor e chegamos ao estado de aceitação. Elisabeth Küber-Ross escreveu:
“Não é uma sensação resignada e desesperançosa de ‘desistir’, de pensar ‘qual o propósito?’ ou ‘não aguento mais lutar’, embora também ouçamos essas colocações. Elas também indicam o começo do fim da luta, mas não representam indicações de aceitação. A aceitação não deve ser confundida com um estágio feliz. É quase uma ausência de emoções. É como se a dor tivesse passado, a luta tivesse acabado.”11
Ficamos em paz com as coisas como são. Estamos livres para ficar; livres para ir; livres para tomar quaisquer decisões que precisemos. Estamos livres!

Aceitamos nossa perda, por menor ou maior que seja. Tornou-se uma parte aceitável de nossas circunstâncias. Sentimo-nos confortáveis com tudo isso e com nossas vidas. Nos ajustamos e nos reorganizamos. Mais uma vez, estamos nos sentindo confortáveis com nossas vidas e com nós mesmos.

Não somente estamos nos sentindo confortáveis com nossas circunstâncias e com as transformações pelas quais passamos, como acreditamos que de alguma forma nos beneficiamos de nossa perda ou de nossa transformação, mesmo se não podemos compreender totalmente como ou por quê. Temos fé em que tudo esteja bem, e crescemos com a nossa experiência. Acreditamos profundamente que nossas circunstâncias – cada detalhe delas – são naquele momento exatamente como deveriam ser.

Apesar de nossos receios, emoções, lutas e confusões, compreendemos que tudo está bem, mesmo se nos falta o instinto. Aceitamos pelo que é. Nos acomodamos. Paramos de correr, de nos esquivar, de controlar e de nos esconder. E sabemos que somente a partir desse ponto podemos ir em frente.

É assim que as pessoas aceitam as coisas. É o chamado processo da tristeza que a conselheira Esther Olso chama também de processo do perdão, de processo da cura, e de “a maneira como Deus trabalha connosco”.

Não é muito confortável. Na verdade, é incômodo e às vezes doloroso. Podemos sentir-nos como se nos estivéssemos despedaçando. Quando o processo começa, geralmente sentimos choque e pânico. Ao atravessarmos os estágios, geralmente nos sentimos confusos, vulneráveis, sós e isolados. Uma sensação de perda de controle geralmente está presente, assim como a esperança, que às vezes não é realista.

Provavelmente passamos por esse processo quando há em nossa vida um fato que não aceitamos. Uma pessoa codependente ou uma pessoa quimicamente dependente pode estar em muitos estágios do processo de tristeza por diversas perdas, todas ao mesmo tempo. A negação, a depressão, a negociação e a raiva podem acontecer todas juntas. Podemos não saber o que estamos tentando aceitar. Talvez nem mesmo nos damos conta de que estamos lutando para aceitar uma situação. Podemos simplesmente achar que ficamos loucos.

Não ficamos. Familiarize-se com esse processo. Todo o processo pode ocorrer em trinta segundos quando for uma perda pequena; pode durar anos ou a vida inteira quando a perda é significante. Como isso é um padrão, podemos não atravessar os estágios exatamente como os delineamos. Podemos ir da frente para trás e de trás para a frente; da raiva à negação, da negação à negociação, da negociação de volta à negação. Nãoimporta a velocidade ou a direção com que atravessamos esses estágios, sempre precisamos atravessá-los. Elisabeth Kübler-Ross diz que não é somente um processo normal, é um processo necessário, e cada estágio é necessário. Podemos proteger-nos dos golpes da vida com a negação até estarmos mais bem preparados para lidar com eles. Devemos sentir culpa e raiva até eliminá-las de nosso sistema. Devemos tentar negociar e devemos chorar. Não temos necessariamente de deixar que os estágios ditem nosso comportamento, mas cada um de nós, para nosso bem-estar e nossa aceitação definitiva, precisa passar em cada estágio o tempo individualmente apropriado.

Judi Hollis cita Fritz Perls, o pai da terapia gestalt: “A única maneira de sair é atravessando.”12

Somos seres resistentes. Porém, somos frágeis de muitas maneiras. Podemos aceitar a mudança e a perda, mas isso se dá em nosso próprio ritmo e à nossa própria maneira. E somente nós e Deus podemos determinar esse espaço de tempo.

O pastor e psicólogo Donald L. Anderson escreveu em Better than Blessed [Mais que abençoado]: “Saudáveis são os que sentem tristeza. Apenas muito recentemente começamos a descobrir que negar a tristeza é negar uma função da natureza humana e que tal negação às vezes produz consequências diretas. A tristeza, como qualquer emoção verdadeira, é acompanhada por certas mudanças físicas e pela libertação de certa energia psíquica. Se essa energia não for liberada no processo normal de tristeza, torna-se destrutiva dentro da pessoa. Até uma doença física pode se desenvolver por causa de uma tristeza não resolvida. Qualquer fato, qualquer conscientização que contenha uma sensação de perda podem, e devem, ser sentidos. Isso não significa uma vida de incessante tristeza. Significa estarmos dispostos a admitir uma emoção honesta, em vez de sempre ter de rir da dor. Admitir a tristeza que acompanha qualquer perda não é apenas permissível – é uma opção saudável.”13

Podemos permitir-nos atravessar esse processo quando enfrentamos uma perda ou mudança, mesmo as menores. Sejamos carinhosos com nós mesmos. Esse processo é exigente e cansativo. Pode sugar nossa energia e balançar nosso equilíbrio.

Observemos como atravessamos os estágios e sintamos o que precisamos sentir. Conversemos com as pessoas, pessoas que estão a salvo e que nos poderão dar o conforto, o apoio e a compreensão de que necessitamos. Bote para fora, fale tudo que precisar. Uma coisa que me ajuda é agradecer a Deus pela perda – nas minhas presentes circunstâncias – não importa como eu me sinta ou o que ache dela. Outra coisa que ajuda a muitas pessoas é a Oração da Serenidade.

Não temos de agir ou de nos comportar impropriamente, mas precisamos passar por isso. Outras pessoas também passam por isso. Compreender esse processo ajuda-nos a ser mais compreensivos com outras pessoas, e nos dá força para decidir como desejamos nos comportar e o que fazer para cuidarmos de nós mesmos quando passarmos por isso.

Aprenda a arte da aceitação. É um bocado de dor.


ATIVIDADE

  1. Você ou alguém em sua vida está atravessando esse processo de tristeza por uma perda importante? Em que estágio acha que você ou essa pessoa estejam?
  2. Revise sua vida e reflita sobre as perdas principais que você atravessou. Relembre suas experiências e o processo de dor. Escreva sobre suas emoções da forma como se lembra delas.

Do livro: Codependência Nunca Mais, Pare de Controlar os Outros e Cuide de Você Mesmo, [recurso eletrônico] Melody Beattie, 5ª Edição, Viva Livros, 2017

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