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Características do codependente

Características do codependente


Deus, dai-me serenidade
Para aceitar as coisas que não posso mudar,
Coragem para mudar as coisas que posso mudar,
E sabedoria para distinguir a diferença.

– Oração da Serenidade


Embora dois codependentes possam discordar da definição de codependência, se discutirem seus problemas, provavelmente vão entender o que o outro quer dizer. Compartilharão ideias sobre coisas que têm em comum – o que fazem, pensam, sentem e dizem – e que são características da codependência. São nesses pontos – sintomas, problemas, mecanismos de repetição ou reações – que a maioria das definições e programas de recuperação se justapõem e concordam. Esses pontos ditam a recuperação. São as coisas que precisamos reconhecer, aceitar, conviver, lidar, lutar e frequentemente mudar.

Entretanto, antes de relacionar o que os codependentes tendem a fazer, tratarei de um ponto importante: ter esses problemas não significa que somos maus, defeituosos ou inferiores. Alguns de nós aprendemos esses comportamentos quando crianças. Outros aprenderam mais tarde na vida. Podemos ter aprendido alguns deles através da nossa interpretação de religião. A algumas mulheres foi ensinado que esses comportamentos eram qualidades femininas desejáveis. Seja onde for que tenhamos aprendido isso, a maioria de nós estudou direitinho a lição. Começamos a nos comportar dessa maneira por necessidade de proteger a nós mesmos e para satisfazer às nossas necessidades. Fizemos, sentimos e pensamos essas coisas para sobreviver – emocional, mental e às vezes fisicamente. Tentamos compreender e enfrentar nossos mundos complexos da melhor forma. Conviver com normais e saudáveis nem sempre é fácil. Mas viver com as doentes, perturbadas ou problemáticas é particularmente difícil. É horrível ter de conviver com um alcoólico irado. Muitos de nós tentamos lidar com situações terrivelmente ultrajantes, e esses esforços são admiráveis e heroicos. Fazemos o melhor que podemos.

Entretanto, esses artifícios autoprotetores podem estar ultrapassados em suas utilidades. Às vezes, aquilo que fazemos para nos proteger vira-se contra nós e nos fere. Tornam-se autodestrutivas. Muitos codependentes mal estão sobrevivendo, e a maioria não tem suas necessidades satisfeitas. Segundo o terapeuta Scott Egleston, a codependência é uma maneira de tentar satisfazer necessidades que não consegue satisfazer às necessidades. Estamos fazendo as coisas erradas pelas razões certas. Podemos mudar? Podemos aprender comportamentos mais saudáveis?


Não sei se a saúde mental, espiritual e emocional pode ser ensinada, mas podemos ser inspirados e encorajados. Podemos aprender a fazer as coisas de outras maneiras. Podemos mudar. Acho que a maioria das pessoas deseja ser saudável e viver da melhor forma possível. Mas muitos de nós não sabem que é certo fazer as coisas de outra maneira. Muitos nem mesmo compreendem por que o que temos feito não tem funcionado. A maioria tem estado tão ocupada atendendo aos problemas de outros que não tem tempo para identificar, muito menos cuidar, de seus problemas.

Muitos especialistas dizem que o primeiro passo para a cura é a conscientização. O segundo passo é a aceitação.1 Com isso em mente, vamos examinar as características da codependência. Elas foram compiladas de toda a minha bibliografia e de minha experiência pessoal e profissional.

DILIGÊNCIA


O codependente pode:
• considerar-se e sentir-se responsável por outras pessoas – seus sentimentos, pensamentos, ações, escolhas, desejos, necessidades, bem-estar, falta de bem-estar e até seu destino.
• sentir ansiedade, pena e culpa quando outras pessoas têm um problema.
• sentir-se compelido – quase forçado – a ajudar uma pessoa a resolver seu problema, seja dando conselhos que não foram pedidos, oferecendo uma série de sugestões ou equilibrando emoções.
• sentir raiva quando sua ajuda não é efetiva.
• antecipar as necessidades de outra pessoa.
• imaginar por que os outros não fazem o mesmo por ele.
• dizer sim quando quer dizer não, fazer coisas que realmente não quer fazer, fazer mais do que sua quota justa de trabalho e fazer coisas que outras pessoas são capazes de fazer por si mesmas.
• não saber o que quer ou necessita, ou, se souber, dizer a si mesmo que o que quer e necessita não é importante.
• tentar agradar aos outros em vez de a si mesmo.
• achar mais fácil sentir e expressar raiva sobre injustiças feitas a outros do que sobre injustiças feitas a ele mesmo.
• sentir-se mais seguro quando doa.
• sentir-se inseguro e culpado quando alguém lhes dá algo.
• ficar triste porque passa a vida se doando a outras pessoas e ninguém lhe retribui.
• sentir-se atraído por pessoas carentes.
• atrair pessoas carentes.
• sentir-se aborrecido, vazio e sem sentido se não tiver alguma crise em sua vida, um problema para resolver ou alguém para ajudar.
• abandonar a rotina para responder ou fazer algo por outro.
• comprometer-se demais.
• sentir-se oprimido e pressionado.
• acreditar que outras pessoas são de alguma forma responsáveis por ele.
• culpar outras pessoas pela situação em que está.
• dizer que outras pessoas fazem com que se sinta da maneira que se sente.
• achar que outra pessoa o está levando à loucura.
• sentir raiva, sentir-se vítima, achar que está sendo usado e que não é apreciado.
• ver que as pessoas ficam irritadas ou com raiva dele por todas as características anteriores.

BAIXA AUTOESTIMA


O codependente tende a:
• vir de família problemática, reprimida ou disfuncional.
• negar que sua família seja problemática, reprimida ou disfuncional.
• culpar a si mesmo por tudo.
• implicar consigo mesmo por tudo, inclusive sua maneira de pensar, sentir, aparentar, agir e comportar-se.
• ficar zangado, defensivo, exigente e indignado quando outros o culpam e criticam – coisas que ele regularmente faz consigo mesmo.
• rejeitar elogios.
• ficar deprimido pela falta de cumprimentos e elogios.
• sentir-se diferente do restante do mundo.
• achar que não é bom o bastante.
• sentir-se culpado em gastar dinheiro consigo mesmo, ou fazer algo supérfluo ou divertido por si mesmo.
• temer rejeição.
• encarar as coisas de forma pessoal.
• ter sido vítima de abuso sexual físico ou emocional, negligência, abandono ou alcoolismo.
• sentir-se vítima.
• dizer a si mesmo que não consegue fazer nada certo.
• ter medo de cometer erros.
• imaginar por que tem dificuldade de tomar decisões.
• achar que tem de fazer tudo com perfeição.
• imaginar por que não consegue fazer nada a seu contento.
• ter um monte de “deveria”.
• sentir muita culpa.
• sentir-se envergonhado por quem é.
• achar que não vale a pena viver.
• em vez disso, tentar ajudar outras pessoas a viverem suas vidas.
• obter sensações artificiais de autovalorização por ajudar aos outros.
• ter sentimentos de baixa autoestima – vergonha, fracasso etc. – por fracassos e problemas de outras pessoas.
• desejar que coisas boas lhe aconteçam.
• achar que coisas boas nunca acontecerão.
• achar que não merece coisas boas e felicidade.
• desejar que outras pessoas gostem dele e o amem.
• achar que outras pessoas certamente não poderiam jamais gostar dele ou amá-lo.
• tentar provar que é bom o bastante para outras pessoas.
• contentar-se apenas em ser necessário.


REPRESSÃO


Muitos codependentes:
• expulsam seus pensamentos e suas emoções de sua consciência porque têm medo e culpa.
• têm medo de se permitirem ser quem são.
• parecem rígidos e controlados.


OBSESSÃO


O codependente tende a:
• sentir-se terrivelmente ansioso quanto a problemas e pessoas.
• preocupar-se com as coisas mais bobas.
• pensar e falar muito sobre outras pessoas.
• perder o sono por problemas ou comportamentos de outras pessoas.
• preocupar-se.
• nunca encontrar respostas.
• vigiar as pessoas.
• tentar pegar as pessoas em atos de mau comportamento.
• sentir-se incapaz de parar de falar, pensar e preocupar-se com outras pessoas e seus problemas.
• abandonar sua rotina quando está muito aborrecido com alguém ou alguma coisa.
• concentrar toda sua energia nos outros e nos problemas dos outros.
• imaginar por que nunca tem energia.
• imaginar por que não consegue fazer as coisas.


CONTROLE


Muitos codependentes:
• viveram com pessoas e situações fora de controle, causando-lhes mágoas e decepção.
• têm medo de deixar que outras pessoas sejam quem são e de permitir que as coisas aconteçam naturalmente.
• não veem ou não lidam com seu medo de perder o controle.
• acham que sabem mais sobre o que acontecerá e como as pessoas devem comportar-se.
• tentam controlar os acontecimentos e as pessoas através de impotência, culpa, coerção, ameaças, aconselhamento, manipulação ou domínio.
• eventualmente fracassam em seus esforços ou provocam raiva nas pessoas.
• ficam frustrados e irados.
• sentem-se controlados pelos acontecimentos e pelas pessoas.


NEGAÇÃO


O codependente tende a:
• ignorar problemas ou fingir que eles não estão acontecendo.
• fingir que as situações não são tão más como realmente são.
• dizer a si mesmo que amanhã as coisas melhorarão.
• ocupar-se para não pensar sobre as coisas.
• ficar confuso.
• ficar deprimido ou doente.
• ir a médicos e tomar tranquilizantes.
• tornar-se viciado em trabalho.
• gastar dinheiro compulsivamente.
• comer demais.
• fingir que essas coisas tampouco estão acontecendo.
• ver os problemas piorarem.
• acreditar em mentiras.
• mentir para si mesmo.
• imaginar por que sente como se estivesse enlouquecendo.


DEPENDÊNCIA


Muitos codependentes:
• não se sentem felizes, contentes ou em paz consigo mesmos.
• procuram a felicidade fora de si mesmos.
• fecham-se a tudo e a todos que possam lhe trazer felicidade.
• sentem-se terrivelmente ameaçados pela perda de coisas ou pessoas das quais esperam sua felicidade.
• não se sentiam amados e aprovados pelos pais.
• não se amam.
• acham que outras pessoas não podem amá-los ou não os amam.
• procuram desesperadamente por amor e aprovação.
• quase sempre procuram o amor de pessoas incapazes de amar.
• acreditam que outras pessoas nunca estão disponíveis para eles.
• equiparam o amor à dor.
• acham que necessitam mais das pessoas do que elas necessitam deles.
• tentam provar que são bons o bastante para serem amados.
• não se dão tempo para descobrir se outras pessoas são boas para eles.
• preocupam-se se outras pessoas os amam ou gostam deles.
• não se dão tempo para descobrir se amam ou gostam de outras pessoas.
• centralizam sua vida ao redor de outras pessoas.
• procuram por relacionamentos que lhes forneçam todas as suas boas emoções.
• perdem interesse em sua própria vida quando amam.
• temem que as outras pessoas venham a deixá-los.
• não acreditam que podem tomar conta de si mesmos.
• continuam em relacionamentos que não funcionam.
• toleram abusos para que as pessoas continuem a amá-los.
• sentem-se presos em relacionamentos.
• quando terminam relacionamentos ruins, procuram outros que também não funcionam.
• duvidam que um dia encontrarão o amor.


FALTA DE COMUNICAÇÃO


O codependente frequentemente:
• culpa.
• ameaça.
• coage.
• implora.
• suborna.
• aconselha.
• não diz o que quer.
• não quer dizer o que diz.
• não sabe o que quer dizer.
• não se leva a sério.
• acha que outras pessoas não o levam a sério.
• leva-se a sério demais.
• pede o que quer ou necessita indiretamente – suspirando, por exemplo.
• acha difícil chegar direto ao ponto.
• não sabe direito a que ponto quer chegar.
• mede as palavras cuidadosamente para conseguir um determinado efeito.
• tenta dizer o que acha que agradará as pessoas.
• tenta dizer o que acha que provocará as pessoas.
• tenta dizer o que acha que levará as pessoas a fazer o que ele quer que elas façam.
• elimina a palavra não de seu vocabulário.
• fala demais.
• fala de outras pessoas.
• evita falar sobre si mesmo, sobre seus problemas, sentimentos e pensamentos.
• diz que tudo é culpa sua.
• diz que nada é culpa sua.
• acredita que suas opiniões não importam.
• espera conhecer a opinião de outras pessoas antes de expressar as suas.
• mente para proteger e encobertar as pessoas que ama.
• mente para proteger a si mesmo.
• tem dificuldade em exercer seus direitos.
• tem dificuldade em expressar suas emoções honesta, aberta e apropriadamente.
• acha que a maior parte do que tem a dizer não é importante.
• começa a falar de maneira cínica, autodegradante ou hostil.
• desculpa-se por incomodar as pessoas.


LIMITES FRACOS


O codependente frequentemente:
• diz que não tolerará mais determinados comportamentos de outras pessoas.
• aumenta gradualmente sua tolerância até poder tolerar e fazer coisas que disse que nunca faria.
• deixa que outros o magoem.
• continua a deixar que o magoem.
• se pergunta por que o magoam tanto.
• reclama, culpa e tenta controlar, enquanto continua a ficar ali.
• finalmente fica com raiva.
• torna-se totalmente intolerante.


FALTA DE CONFIANÇA


O codependente:
• não confia em si mesmo.
• não confia em seus sentimentos.
• não confia em suas decisões.
• não confia em outras pessoas.
• tenta confiar em pessoas não confiáveis.
• acha que Deus o abandonou.
• perde a fé e a confiança em Deus.


RAIVA


Muitos codependentes:
• sentem-se muito assustados, magoados e raivosos.
• vivem com pessoas muito assustadas, magoadas e raivosas.
• têm medo da própria raiva.
• têm medo da raiva de outras pessoas.
• acham que as pessoas os abandonarão se sentirem raiva.
• acham que outras pessoas os fazem ficar com raiva.
• sentem-se controlados pela raiva de outras pessoas.
• reprimem seus sentimentos de raiva.
• choram muito, ficam deprimidos, comem demais, ficam doentes, fazem coisas más e sórdidas para se vingar, agem hostilmente, têm explosões de temperamento.
• punem outras pessoas por fazê-los ficar com raiva.
• ficam envergonhados por sentirem raiva.
• colocam culpa e vergonha em si mesmos por sentirem raiva.
• sentem mais raiva, ressentimento e amargura.
• sentem-se mais seguros com raiva do que com sentimentos de dor.
• imaginam se algum dia não terão tanta raiva.


PROBLEMAS SEXUAIS


Alguns codependentes:
• controlam o que se passa no quarto.
• fazem sexo quando não querem.
• fazem sexo quando preferiam apenas ser acariciados e amados.
• tentam ter sexo quando têm raiva ou estão feridos.
• recusam desfrutar do sexo porque têm muita raiva do parceiro.
• têm medo de perder o controle.
• têm dificuldade em pedir o que desejam na cama.
• isolam-se emocionalmente de seu parceiro.
• sentem repulsa do parceiro.
• não falam sobre isso.
• forçam-se a ter sexo, de qualquer forma.
• reduzem o sexo a um ato técnico.
• se perguntam por que não gostam de sexo.
• perdem interesse em sexo.
• inventam razões para se abster.
• desejam que o parceiro morra, vá embora ou sinta o que estão sentindo.
• têm fortes fantasias sexuais sobre outras pessoas.
• desejam ter ou têm um caso extraconjugal.


DIVERSOS


O codependente tende a:
• ser extremamente responsável.
• ser extremamente irresponsável.
• tornar-se mártir, sacrificando sua felicidade e a dos outros por causas que não requerem sacrifícios.
• achar difícil aproximar-se das pessoas.
• encontrar dificuldades em se divertir e em ser espontâneo.
• ter uma reação geralmente passiva à codependência – chora, sofre e sente-se desamparado.
• ter uma reação geralmente agressiva à codependência – fica violento, raivoso e dominador.
• misturar reações passivas e agressivas.
• vacilar nas decisões e nas emoções.
• rir quando tem vontade de chorar.
• ser leal à sua compulsão e às pessoas, mesmo quando os ferem.
• ter vergonha de problemas pessoais, familiares ou amorosos.
• ficar confuso sobre a natureza dos problemas.
• acobertar, mentir e ocultar o problema.
• não procurar ajuda porque diz a si mesmo que o problema não é tão grande ou tão importante.
• se perguntar por que o problema não desaparece.


CARACTERÍSTICAS PROGRESSIVAS


Nos últimos estágios da codependência, o codependente pode:
• sentir-se letárgico.
• sentir-se deprimido.
• isolar-se e afastar-se.
• perder totalmente o controle da rotina e da estrutura diária.
• abusar ou negligenciar os filhos e outras responsabilidades.
• perder as esperanças.
• começar a planejar o afastamento do relacionamento ao qual se sente aprisionado.
• pensar em suicídio.
• ficar violento.
• adoecer, emocional, mental ou fisicamente.
• comer demais ou de menos.
• viciar-se em álcool e em outras drogas.


As listas anteriores são longas, mas não incluem tudo. Como outras pessoas, os codependentes fazem, sentem e pensam muitas coisas. Não há um número de características que garanta se a pessoa é ou não codependente. Cada pessoa é diferente; cada pessoa tem sua maneira de fazer as coisas. Estou apenas tentando pintar um quadro. A interpretação, ou decisão, é sua. O mais importante é que você primeiro identifique os comportamentos ou as áreas que lhe causam problemas e depois decida o que fazer.

No fim do Capítulo 3 pedi para definir a codependência. Segundo Earnie Larsen, se você define seu problema como “viver com um alcoólico”, pode achar que não viver com um alcoólico seja a solução do problema. Isso pode ser parcialmente correto. Mas nossos verdadeiros problemas como codependentes são nossas próprias características – nossos comportamentos de codependentes.


Quem é codependente? Eu sou. Aproximadamente, 80 milhões de pessoas são quimicamente dependentes ou vivem com alguém que é.2 Elas provavelmente são codependentes. Pessoas que amam, se importam ou trabalham com pessoas problemáticas podem ser codependentes. Pessoas que se importam com outras que têm distúrbios de alimentação provavelmente são codependentes. Em seu livro Fat Is a Family Affair [A obesidade é uma questão familiar], Judi Hollis diz que uma pessoa com desordem alimentar pode manter de quinze a vinte codependentes ocupados.3 Muitas pessoas com distúrbios alimentares também são codependentes: “Numa pesquisa informal, descobri que pelo menos quarenta por cento das esposas de alcoólicos são obesas”, escreveu Hollis.4

Você pode estar lendo este livro para si mesmo; pode ser um codependente. Ou pode estar lendo para ajudar a alguém; neste caso você provavelmente é codependente. Se a preocupação se transformou em obsessão; se a compaixão se transformou em tomar conta; se está tomando conta de outras pessoas e não de si mesmo – pode ser que você seja muito codependente. Cada qual deve decidir por si mesmo se a codependência é um problema. Cada qual deve decidir por si mesmo o que precisa fazer para mudar e quando isso deve acontecer.

A codependência é muitas coisas. É a dependência das pessoas – em seus humores, comportamentos, doenças ou bem-estar e seu amor. É uma dependência paradoxal. 5 Os codependentes parecem ser pessoas das quais se depende, mas são dependentes. Parecem fortes, mas se sentem desamparados. Parecem controladores, mas na realidade são controlados, às vezes por uma doença, como o alcoolismo. Esses são os problemas que ditam a recuperação. E é resolvendo-os que a recuperação pode ser divertida. Muitas recuperações de problemas que envolvem a mente de uma pessoa, emoções e espírito são longas e extenuantes. Aqui não. Exceto pelas emoções normais que estaríamos sentindo de qualquer forma, e as pontadas de desconforto ao começarmos a nos comportar de modo diferente, recuperar-se da codependência é excitante. E liberador. Permite que sejamos quem somos. Ajuda outras pessoas a serem quem são. Ajuda-nos a assumir nosso poder dado por Deus de pensar, sentir e agir. Faz bem. Traz paz. Permite-nos amar a nós mesmos e aos outros. Permite que recebamos amor – essa coisa boa que todos procuramos. Proporciona uma ótima atmosfera para as pessoas à nossa volta ficarem e continuarem saudáveis. E a recuperação ajuda a acabar com a insuportável dor com a qual muitos de nós temos vivido.


A recuperação não é apenas divertida, é também simples. Nem sempre é fácil, mas é simples. É baseada em algo que muitos de nós esquecemos ou nunca aprendemos: cada pessoa é responsável por si mesma. Envolve aprender um novo comportamento que devotaremos a nós mesmos: tomar conta de nós mesmos. Na segunda metade deste livro, discutiremos ideias específicas sobre como fazer isso.


ATIVIDADE

  1. Examine as listas deste capítulo. Marque cada característica com um 0 se nunca for um problema para você. Marque com um 1 se de vez em quando for um problema. E marque com um 2 se frequentemente for um problema. Depois, em outro capítulo, você usará isso para estabelecer objetivos. Mas pode usar isso agora como guia para os capítulos que deseja ler.
  2. O que acha de mudar a si mesmo? O que acha que aconteceria se começasse a mudar? Acha que pode mudar? Por que sim, ou por que não? Escreva alguns parágrafos em resposta a essas perguntas.

Do livro: Codependência Nunca Mais, Pare de Controlar os Outros e Cuide de Você Mesmo, [recurso eletrônico] Melody Beattie, 5ª Edição, Viva Livros, 2017

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