”A verdadeira cura é aquela que conduz o terreno a um estado óptimo.”
CURA FICTÍCIA E CURA VERDADEIRA
A Doença verdadeira encontra-se no terreno; por conseguinte, a cura verdadeira só poderá situar-se ao nível desse mesmo terreno, e nunca ao nível dos transtornos locais. A saúde não é a ausência de sintomas superficiais; corresponde a um estado particular do meio humoral, aquele em que a composição dos líquidos orgânicos permite e favorece a actividade normal das células. A verdadeira cura é aquela que conduz o terreno a esse estado óptimo.
O desaparecimento das perturbações locais não pode ser considerado como a cura da doença se o terreno no qual elas apareceram não for igualmente modificado. Certamente que o desaparecimento desses transtornos dolorosos e inconvenientes poderá ser acolhido como algo de bom, mas esse ganho não poderá ser duradouro se a raiz do mal não for atacada.
Sem a modificação do estado humoral, assistiremos a recaídas inevitáveis que a medicina clássica frequentemente considera como novas agressões, às quais se oporão novos tratamentos repressivos dos sintomas. Trata-se de um verdadeiro combate contra a hidra de sete cabeças. Mal se reprime um transtorno local, a força vital volta a desencadear uma nova crise curativa no mesmo ponto; essa situação é, então, designada por recaída. Se a recaída surgir em outro ponto do organismo, dizemos que se trata de uma transferência mórbida.
As múltiplas tentativas da força vital para concretizar a depuração do organismo podem ter lugar simultaneamente em vários pontos. O doente ignorante e mal aconselhado corre então de especialista em especialista, na tentativa de curar os seus vários transtornos locais, enquanto um tratamento único de correcção do terreno poderia fazer desaparecer todos os transtornos simultaneamente. Repetimos que o mal é sempre o mesmo; não faz mais que manifestar-se de modo diverso, segundo o local do corpo em que se encontra.
As curas fictícias, obtidas localmente por tratamentos anti-sintomas promovem a remessa contínua das toxinas para zonas mais profundas no organismo. Desta forma, obriga-se o organismo a suportar uma percentagem de sobrecarga cada vez mais elevada. O paciente parece curado, mas o seu terreno está cada vez mais degradado. Na realidade, o paciente encontra-se cada vez mais doente.
Só poderemos obter uma verdadeira cura se pusermos o terreno em ordem, purificando-o completamente. Esta acção em profundidade leva automaticamente ao desaparecimento definitivo dos transtornos locais, se não forem de novo cometidos os erros que levaram à degradação do terreno.
A doença local, declarada e classificada, nada mais é do que a conclusão de um longo processo de degradação do terreno, produzido ao longo de meses ou anos. Por conseguinte, é necessário abandonar-se a ilusão de uma cura fácil e rápida mediante a acção milagrosa de um qualquer remédio. Só poderá obter-se uma cura se desencadearmos um processo inverso àquele que originou a degradação do terreno. Todas as toxinas que penetraram no corpo devem ser eliminadas, devem satisfazer-se todas as carências, e todos os tecidos danificados devem ser reconstituídos.
Em todas as enfermidades, sobretudo nas mais graves, é necessário que nos armemos de paciência e não tenhamos pressa. Não é possível caminhar-se por atalhos. Isto não quer dizer que os transtornos locais só desapareçam quando o terreno estiver bem limpo. Pelo contrário, poderão desaparecer bastante depressa, precisamente porque não são mais do que os resultados finais do transtorno profundo – a gota de água que, de certo modo, faz transbordar a taça. Nesse momento, seria um erro interromper o tratamento.
Deixar de tomar medicamentos químicos imediatamente após o desaparecimento dos sintomas inscreve-se na lógica do conceito médico que considera esses sintomas locais como a doença em si. Esta forma de agir não pode transplantar-se para os tratamentos correctores do terreno. Não devem ser interrompidos antes que se haja atingido o estado óptimo.
No entanto, estes tratamentos não oferecem garantias contra novas intoxicações. Deve manter-se a modificação da forma de vida adoptada para se atingir a cura, pois, de contrário, ao se repetirem as mesmas causas, produzir-se-ão os mesmos efeitos. É este o preço de uma cura verdadeira e duradoura.
O desaparecimento dos transtornos locais não pode ser considerado como a cura da doença, se o terreno onde surgiram estes transtornos não for igualmente modificado.
Do livro compreender as doenças Graves
De Christopher Vasey
Da editora Estampa
Fonte: https://solucaoperfeita.com/magnesio/cura-ficticia-e-cura-verdadeira/