Os Factores de Risco
Analisando os factores de risco para uma doença.
Tudo o que pode degradar o nosso terreno ameaça inevitavelmente a saúde que a ele está condicionada. Quanto mais importantes e numerosos os factores de degradação, mais se deteriora o terreno e maior risco corremos de ficar gravemente doentes.
É, por isso, muito importante que conheçamos tais factores de risco, para os podermos evitar. Não é nas situações excepcionais (envenenamentos ou intoxicações acidentais, por exemplo) que devemos procurá-los, mas sim nos hábitos da vida diária.
Efectivamente, o nosso meio humoral forma-se a partir do que ingerimos como alimento sólido, líquido ou gasoso, inclusive o ar que respiramos, assim como tudo o que penetra no corpo concomitantemente com os alimentos (aditivos alimentares, medicamentos, fumo de tabaco, etc.).
Todas as influências a que submetemos o nosso organismo se inserem no terreno. Esta lógica simples convida-nos a analisar a forma de vida que levamos. A sua influência sobre o estado de saúde nem sempre resulta evidente, já que os erros que cometemos não se manifestam directamente de forma muito clara. Em primeiro lugar, originam modificações que, ao ampliarem-se, acabam por se tomar visíveis meses ou anos mais tarde sob a forma de perturbações locais.
A seguir, veremos como estes erros degradam o nosso terreno e nos fazem ficar doentes.
Todas as influências a que submetemos o nosso organismo se inscrevem no terreno; daí a importância de analisarmos a forma de vida que levamos.
A sobrealimentação global
Em geral, o primeiro e principal prejuízo imputado à sobrealimentação é que ela conduz à obesidade. No entanto, comer mais do que o necessário origina muitos outros efeitos negativos.
O esgotamento orgânico
Para o organismo, a digestão representa um trabalho muito importante. Para que ele possa absorver e utilizar os apreciados nutrientes que lhe oferecem, a digestão deve realizar toda uma série de transformações sobre os alimentos. As energias utilizadas na digestão aumentam com a quantidade de alimentos consumidos. A sobrealimentação conduz, inevitavelmente, a uma fadiga geral do organismo.
O esgotamento por cansaço excessivo alcança, em primeiro lugar, as glândulas digestivas, depois o coração e o sistema circulatório que deverá transportar essas substâncias em excesso e, finalmente, os órgãos de eliminação, cuja capacidade é superada pela quantidade de resíduos que devem eliminar.
As fermentações e as putrefacções intestinais
As capacidades digestivas de um organismo não são ilimitadas. Sempre que a quantidade de alimentos ingeridos é excessiva ou quando demasiados alimentos diferentes são consumidos ao mesmo tempo, as fases da digestão são mal cumpridas. Os alimentos insuficientemente transformados fermentam ou apodrecem. As fermentações e as putrefacções intestinais produzem uma massa de substâncias tóxicas: ácido pirúvico, escatol, indol, fenol, ptomaína, etc.
Se estas substâncias pudessem ser rapidamente eliminadas do organismo, não provocariam qualquer problema. Mas, dado o cansaço dos órgãos digestivos e eliminatórios, as coisas não se passam precisamente assim, e é por esse motivo que o corpo se auto-intoxica com os seus próprios venenos.
A auto-intoxicação
Consoante o grau de debilidade dos intestinos, a velocidade do trânsito intestinal pode ver-se tão diminuída que as matérias fecais aí permanecerão por vários dias ou semanas. As mucosas intestinais são agredidas e irritadas pelos venenos com que estão em contacto, acabando por apresentar lesões que as tornam porosas. A partir deste momento, em vez de permitirem a passagem à corrente sanguínea apenas das substâncias nutritivas úteis, deixam passar também, através dasmalhas destruídas das suas paredes, as moléculas maiores dos venenos.
Chegando às lesões das mucosas intestinais, a sobrealimentação abre, de par em par, a porta aos venenos e aos resíduos intestinais enquanto o fígado conseguir neutralizá-los, o corpo não sofrerá em demasia.
Mas, quando a função antitóxica do fígado se vir ultrapassada pela quantidade de resíduos que se lhe apresentam diariamente, então não conseguirá mais preservar o organismo e, a pouco e pouco, deixar-se-á invadir. O paciente intoxicar-se-á, assim, com os seus próprios venenos.
A acumulação de sobrecargas
Mesmo que a digestão se efectuasse perfeitamente, a sobrealimentação causaria, de igual modo, uma degradação do terreno. Com efeito, se falamos de sobrealimentação, é porque o corpo recebe mais alimento do que necessita. O que poderá ele fazer com as substâncias nutritivas excedentes? Pode deixar uma parte como reserva, armazenando-as como provisão para necessidades futuras, tal como faz com as gorduras ou a glicose.
Mas as suas capacidades de armazenamento também não são ilimitadas. Mesmo uma substância útil, quando se encontra em excesso no corpo, pode tornar-se nefasta. Pensemos, por exemplo, nos diabéticos que sofrem de múltiplos distúrbios devidos a um envenenamento pelo açúcar. A acumulação exagerada de gorduras nos tecidos das pessoas obesas acaba, igualmente, por apresentar sérios inconvenientes: diminuição da velocidade da circulação e dos intercâmbios celulares, cansaço inútil dos órgãos e do coração, obstrução e congestão dos órgãos.
Em vez de armazenar as substâncias excedentes, o corpo pode, também, tentar eliminá-las, degradando-as para que possam ser expulsas pelos canais excretores. Este trabalho, que se segue à digestão, acaba por esgotar o organismo e levar ao desgaste prematuro de todos os órgãos. É certo que estas degradações apresentariam a vantagem de libertar o organismo de sobrecargas indesejáveis, caso pudessem ser realizadas correctamente, mas frequentemente isto não acontece devido à diminuição geral da velocidade das funções orgânicas. A degradação da glicose não se concluirá com a produção normal de água e gás carbónico facilmente elimináveis; deter-se-á numa fase intermédia, produtora de numerosos ácidos tóxicos (ácido pirúvico, succínico, fumárico, etc.).
Mesmo que a degradação das substâncias excedentárias se fizesse com normalidade, ainda assim produziria toxinas. Por exemplo, a decomposição das proteínas conclui-se, inevitavelmente, com a produção de venenos, como a ureia e o ácido úrico. A sobrealimentação não leva, pois, necessariamente à aquisição de peso. Na realidade, pode conduzir a importantes modificações da composição dos líquidos orgânicos, sem aumento de peso.
A insuficiência eliminatória
A utilização de substâncias alimentares por parte do organismo produz sempre resíduos e toxinas; trata-se de um fenómeno normal e previsto,já que os canais excretores têm a função de eliminar esses resíduos.Naturalmente, quanto maior for a quantidade de alimentos, maior será a produção de resíduos. Quando a capacidade de eliminação dos órgãos excretores é superada, as toxinas obstruem os “filtros” e congestionam os órgãos. Quando a eliminação não pode ser feita correctamente, os resíduos acumulam-se nos tecidos.
Do livro Compreender as doenças Graves
De: Christopher Vasey
Editorial Estampa Lda
Fonte: https://solucaoperfeita.com/magnesio/os-factores-de-risco/