
O que é codependência, e quem a tem?
Outras histórias
Quando digo que sou codependente, não quero dizer que sou um pouco codependente. Quero
dizer que sou realmente codependente. Não me caso com homens que param para tomar uma
cervejinha depois do trabalho. Caso-me com homens que não trabalham.
– Ellen, membro do Al-Anon
Talvez você tenha se identificado com Jéssica no último capítulo. A história dela é um exemplo extremo de codependência, mas frequentemente ouço outras do mesmo tipo. Entretanto, a experiência de Jéssica não é o único tipo de codependência. Há muitas variações dessa história, como há muitos codependentes para contá-las. Aqui estão algumas.
Gerald, um homem simpático e de boa aparência, de uns 40 e poucos anos, classifica-se como “um sucesso nos negócios e um fracasso nos relacionamentos com as mulheres”. Durante o ginásio e a faculdade Gerald saiu com muitas mulheres. Era popular e considerado um bom partido. Entretanto, depois da formatura, ele surpreendeu a família e os amigos casando-se com Rita. Rita tratava Gerald pior do que qualquer mulher que ele tinha namorado. Ela agia fria e grosseiramente com Gerald e seus amigos, partilhava de poucos interesses com ele e não parecia importar-se muito com nada que lhe dizia respeito. Treze anos depois, o casamento terminou em divórcio, quando Gerald descobriu que o que suspeitava havia anos era verdade: Rita saía com outros homens desde que se casaram e estava (e estivera por bastante tempo) abusando de álcool e outras drogas.
Gerald ficou arrasado. Porém, depois de chorar por mais ou menos dois meses, apaixonou-se loucamente por outra mulher, uma alcoólica que bebia de manhã à noite, até ficar inconsciente. Depois de passar alguns meses preocupando-se com ela, procurando ajudá-la, tentando descobrir o que ele estava fazendo que a levava a beber, buscando controlar sua bebida e, finalmente, odiando-a porque ela não parava de beber, Gerald terminou o relacionamento. Mais tarde, conheceu outra mulher, apaixonou-se por ela e se mudou para sua casa. Poucos meses mais tarde Gerald percebeu que ela também era dependente química.
Logo Gerald passava a maior parte do tempo preocupando-se com a namorada. Ele a vigiava, mexia em sua bolsa à procura de pílulas ou outras evidências e a interrogava sobre seus passos. Às vezes, simplesmente tentava negar que ela tivesse um problema. Nessas ocasiões, ele se mantinha ocupado, tentava aproveitar o tempo que passava com a namorada (embora dissesse que se sentia desconfortável) e dizia a si mesmo: “O problema é comigo. Algo está errado comigo.”
Durante uma das muitas crises nesse relacionamento, quando Gerald se afastara temporariamente da negação, ele buscou um terapeuta de dependências químicas para aconselhamento.
– Sei que devo terminar esse relacionamento – disse Gerald –, mas ainda não estou pronto para isso. Nós dois podemos conversar sobre tudo e fazemos tudo juntos. Somos tão bons amigos. E eu a amo. Por quê? Por que isso sempre acontece comigo?
E o próprio Gerald admitiu:
– Ponha-me num salão cheio de mulheres e me apaixonarei pela que tiver os maiores problemas, a que me tratará pior. Para dizer a verdade, elas são mais fascinantes. Se uma mulher me tratar muito bem, eu perco o interesse.
Gerald bebia socialmente e nunca tivera problemas por causa da bebida. Ele disse ao terapeuta que nunca tinha usado drogas. Seu irmão, agora com 40 e tantos anos, era alcoólico desde adolescente. Gerald negou que qualquer dos seus pais, já falecidos, tivesse sido alcoólico, embora admitisse com relutância que o pai talvez “bebesse demais”.
O terapeuta sugeriu que o alcoolismo e a bebida excessiva entre os parentes próximos de Gerald ainda poderiam estar afetando a ele e a seus relacionamentos.
– Como seria possível que os problemas deles me afetassem? – perguntou Gerald. – Papai está morto há anos, e raramente vejo meu irmão.
Depois de algumas sessões de terapia, Gerald começou a reconhecer-se como codependente, mas não estava certo do que isso significava exatamente, ou o que fazer sobre isso. Quando Gerald se sentiu menos perturbado quanto aos problemas imediatos em seu relacionamento, interrompeu a terapia. Decidiu que os problemas de sua namorada com as drogas não eram tão ruins assim. E convenceu-se de que seus problemas com as mulheres eram devidos à má sorte. Disse que esperava que sua sorte mudasse algum dia.
O problema de Gerald é má sorte? Ou é codependência?
Patty tinha 30 e poucos anos e estava casada havia onze quando procurou ajuda de um terapeuta. Ela tinha três filhos, e o mais jovem tinha paralisia cerebral. Patty dedicara a vida a ser boa esposa e mãe. Disse ao terapeuta que amava os filhos, não se arrependia de sua decisão de ficar em casa e criá-los, mas odiava a rotina diária. Antes de se casar, tinha muitos amigos e hobbies, trabalhava como enfermeira e se interessava pelo mundo à sua volta. Entretanto, nos anos que se seguiram ao nascimento de seus filhos, principalmente do filho deficiente, ela havia perdido o entusiasmo pela vida. Agora, tinha poucos amigos, engordara 20 quilos e não sabia o que estava sentindo e, se soubesse, se sentiria culpada por sentir-se daquela forma.
Explicou que tentara ocupar-se ajudando os amigos e fazendo trabalho voluntário para várias organizações, mas seus esforços geralmente resultavam em sensações de ineficiência e ressentimento. Havia pensado em voltar a trabalhar, mas não o fez porque “tudo que sei é enfermagem e estou cansada de tomar conta dos outros”. – Minha família e meus amigos acham que sou uma fortaleza de coragem – disse Patty ao terapeuta. – A boa e confiável Patty. Sempre ali. Sempre controlada. Sempre pronta para ajudá-los. A verdade é que estou desabando, muito devagar mas definitivamente. Estou deprimida há anos. Não posso ignorar isso. Choro à toa. Não tenho energia nenhuma. Grito com as crianças o tempo todo. Não tenho interesse em sexo, pelo menos não com meu marido. Sinto-me culpada o tempo todo. Sinto-me culpada até em vir procurá-lo. Eu deveria ser capaz de resolver meus próprios problemas. Deveria ser capaz de sair disto. É ridículo perder seu tempo e o dinheiro de meu marido com meus problemas, problemas que provavelmente estou imaginando e aumentando de proporções. Mas tinha de fazer algo.
Ultimamente, tenho pensado em suicídio. Mas é claro que nunca me mataria. Muita gente precisa de mim. Muita gente depende de mim. Eu os decepcionaria. Mas estou preocupada. Estou apavorada.
O terapeuta soube que Patty e seu marido tinham filhos, o mais novo com paralisia cerebral. Patty disse também que antes de casar-se seu marido tinha tido problemas com álcool. Durante o casamento ele passara a beber menos, mantivera o emprego e era um bom provedor. Mas, questionada, Patty disse ao terapeuta que o marido não frequentara os Alcoólicos Anônimos ou qualquer grupo de apoio. Em vez disso, ele ficava sóbrio durante meses, entre grandes bebedeiras de fins de semana. Quando bebia, agia como louco. Quando não bebia, ficava agressivo e mal-humorado.
– Não sei o que está acontecendo com ele. Não é mais o homem com quem me casei. O mais assustador é que também não sei o que está acontecendo comigo ou quem sou – disse Patty. – É difícil explicar exatamente qual o problema. Eu não me entendo. Não há nenhum grande problema para o qual eu possa apontar e dizer: “É isso que está errado.” Parece que perdi a mim mesma. Às vezes, acho que vou enlouquecer. O que está errado comigo?
– Talvez seu marido seja um alcoólico, e os problemas sejam causados pela doença familiar de alcoolismo – sugeriu o terapeuta.
– Como pode ser? – perguntou Patty. – Meu marido não bebe tanto assim.
O terapeuta examinou o passado de Patty. Ela falava com carinho dos pais e dos dois irmãos, já adultos. Vinha de uma família unida e bem sucedida. O terapeuta investigou mais fundo. Patty mencionou que seu pai frequentara os Alcoólicos Anônimos desde que ela era adolescente.
– Papai deixou de beber quando eu estava no ginásio – disse ela. – Eu realmente o amo e tenho orgulho dele. Mas os anos em que bebeu foram muito loucos para nossa família.
Patty não apenas se casara com alguém que provavelmente era alcoólico, ela é o que chamamos hoje de filho adulto de alcoólico. A família toda havia sido afetada pela doença familiar do alcoolismo. Seu pai parou de beber; sua mãe entrou para o Al-Anon; a vida em família melhorou. Mas Patty também fora afetada. Será que ela esperava superar magicamente tudo que a afetara simplesmente porque o pai havia parado de beber?
Em vez de sessões adicionais de terapia, o terapeuta recomendou a Patty que fizesse um curso de autoestima e tivesse aulas de afirmação. Também recomendou-lhe que frequentasse as reuniões de Al-Anon ou de Filhos Adultos de Alcoólicos, que são grupos de autoajuda baseados nos Doze Passos dos Alcoólicos Anônimos. Patty seguiu o conselho. Não encontrou a cura da noite para o dia, mas os meses se passaram e ela se descobriu tomando decisões com mais facilidade, sentindo e expressando seus sentimentos, dizendo o que pensava, prestando atenção às suas necessidades e se sentindo menos culpada.
Tornou-se mais tolerante consigo mesma e com sua rotina diária. Sua depressão foi desaparecendo gradualmente. Passou a chorar menos e a rir mais. Sua energia e seu entusiasmo pela vida voltaram. Um dia, mesmo sem ser pressionado, seu marido entrou para os Alcoólicos Anônimos. Ele se tornou menos hostil e o casamento começou a melhorar. O principal aqui é que Patty conseguiu controlar sua vida. Sua vida começou a funcionar. Hoje, se alguém perguntar a Patty qual é ou era seu problema, ela responderá:
– Sou codependente.
Não são apenas as pessoas que sofrem de codependência que procuram a ajuda das entidades de saúde mental e dependência química. Randell aconselhava dependentes químicos como alcoólico em recuperação com vários anos de sobriedade quando descobriu que tinha problemas. Randell era também filho adulto de alcoólico; seu pai e seus três irmãos eram alcoólicos. Sendo um homem inteligente e sensível, que gosta de seu trabalho, o problema de Randell era seu tempo de descanso. Ele passava a maior parte do tempo preocupando-se – obcecado – com outras pessoas e seus problemas. Às vezes, tentava resolver confusões criadas pelos alcoólicos; outras vezes, ficava com raiva deles por criarem confusões que ele se sentia obrigado a resolver; às vezes, aborrecia-se porque as pessoas, não necessariamente alcoólicos, se comportavam de determinada maneira. Ele reclamava, sentia-se culpado, arrependido e usado pelas pessoas. Raramente, contudo, sentia-se próximo delas. Raramente se divertia.
Durante muitos anos, Randell achou que seu dever era preocupar-se com as pessoas e envolver-se em seus problemas. Ele chamava seu comportamento de bondade, preocupação, amor e, às vezes, simples indignação. Agora, depois de obter ajuda, ele o chama de codependência.
Às vezes, o comportamento codependente se torna inextrincavelmente ligado ao fato de se ser uma boa esposa, uma boa mãe, um bom marido, um bom irmão ou um bom cristão. Hoje na casa dos 40 anos, Marlyss é uma mulher atraente – quando se cuida. A maior parte do tempo, entretanto, está ocupada cuidando dos cinco filhos e do marido, que é alcoólico em recuperação. Ela dedicou a vida a torná-los felizes, mas não conseguiu. Geralmente, ela fica zangada por não ver seus esforços reconhecidos, e a família se zanga com ela. Faz sexo com o marido quando ele quer, não importa como se sinta. Gasta grande parte do orçamento da família em roupas e brinquedos para as crianças – ou o que elas queiram. Ela transporta, lê, cozinha, limpa, beija e acaricia aqueles à sua volta, mas ninguém nunca lhe dá nada. Às vezes, nem mesmo dizem obrigado. Marlyss ressente-se por doar-se permanentemente às pessoas em sua vida. Ressente-se sobre como as necessidades de sua família controlam sua vida.
Ela escolheu enfermagem como profissão, e constantemente se ressente por isso.
– Sinto-me culpada quando não faço o que me pedem. Sinto-me culpada quando não satisfaço meus padrões de mãe e esposa. Sinto-me culpada quando não correspondo aos padrões que os outros estipularam para mim. Simplesmente, me sinto culpada. Na verdade, programo meu dia e minhas prioridades de acordo com a culpa.
Por tomar conta de outras pessoas, ressentir-se com isso e não esperar nada em retorno significa que Marlyss é boa mãe e esposa? Ou significa que Marlyss é codependente?
Alcoolismo (ou dependência química) não é o único problema familiar que pode levar uma pessoa a ser codependente. Alissa, mãe de dois adolescentes, trabalhava em meio expediente numa organização de saúde mental quando procurou um terapeuta familiar (ela já tinha ido a vários terapeutas à procura de ajuda). Razão: seu filho mais velho, de 14 anos, estava constantemente causando problemas. Ele fugia de casa, fugia do castigo, matava aulas, desobedecia a outras regras da família e geralmente fazia o que queria e quando queria.
– Esse menino está me enlouquecendo – disse Alissa ao terapeuta.
Ela falava sério. Preocupava-se demais. Às vezes, ficava tão deprimida e atormentada que não conseguia sair da cama. Tentara tudo que podia para ajudar o filho. Colocara-o em tratamento três vezes e carregava toda a família de terapeuta a terapeuta. Alissa também tentou outras técnicas: ameaçou, gritou, berrou e implorou. Ficou brava e chamou a polícia. Tentou o carinho e o perdão. Tentou até fingir ignorar quando o filho agia de forma errada. Trancou-o fora de casa. Atravessou o estado para trazê-lo de volta quando ele fugiu de casa. Embora seus esforços não ajudassem o menino, Alissa estava obcecada em fazer o impossível para “fazê-lo ver os erros de seu comportamento” e ajudá-lo a mudar.
– Por que ele está fazendo isso comigo? – perguntou ela ao terapeuta. – Ele está destruindo minha vida!
O terapeuta concordou que o problema do filho de Alissa era doloroso, preocupante e requeria ação. Mas também disse que o problema não tinha de arruinar a vida dela.
– Você não tem conseguido controlar seu filho, mas pode ter controle sobre si mesma – disse ele. – Pode tratar de sua codependência.
Sheryl também classificou a si mesma como codependente. Logo depois de se casar com o homem de seus sonhos, ela se viu num pesadelo. O marido, descobriu ela, era viciado em sexo. Nesse caso, isso significa que ele não conseguia controlar os desejos de entregar-se à pornografia, era compulsivamente atraído a ter casos com outras mulheres e, como disse Sheryl, “só Deus sabe o que e quem mais”. Ela descobriu que o marido era viciado em sexo uma semana depois do casamento, quando o encontrou na cama com outra mulher.
A primeira reação de Sheryl foi de pânico. Depois, ficou com raiva. Depois, ficou preocupada – pelo marido e pelo problema dele. Seus amigos aconselharam-na a deixá-lo, mas ela decidiu continuar com o casamento. Ele precisava de ajuda. Precisava dela. Talvez mudasse. Além disso, ela não estava pronta para perder o sonho daquele futuro cor-de-rosa que teriam juntos.
O marido dela entrou para os Viciados em Sexo Anônimos, um grupo de Doze Passos similar aos Alcoólicos Anônimos. Sheryl recusou-se a ingressar no Co-VSA (similar ao Al-Anon) para parentes de viciados em sexo. Ela não queria ir a público com seu problema. Não queria nem discutir isso em particular.
Sheryl, que é uma modelo bem-sucedida, alguns meses depois começou a recusar trabalhos e a desmarcar com os amigos, e insistia em estar sempre em casa. Queria atender ao telefone, caso alguma mulher ligasse para o marido dela. Queria estar em casa para vigiar quando o marido saía e quando voltava. Queria ver como ele estava vestido, como agia e como falava. Queria saber exatamente o que ele estava fazendo e com quem. Ela ligava regularmente para o conselheiro dele no V.S.A. para reclamar, para reportar e para perguntar sobre o progresso do marido. Recusava-se, dizia, a ser enganada e traída de novo.
Gradualmente, ela se afastou dos amigos e de outras atividades. Estava preocupada demais para trabalhar; tinha vergonha demais para conversar com os amigos. O marido teve vários outros casos amorosos; seus amigos estavam frustrados com ela por continuar com ele e constantemente choramingar sobre como era terrível ser casada com ele.
– Eu não conseguia ficar perto de meu marido. Não sentia nada por ele além de pena. Mas mesmo assim não conseguia deixá-lo – disse Sheryl mais tarde. – Não conseguia fazer muita coisa além de me preocupar e vigiá-lo.
Ela contou ainda:
– A gota d’água foi a noite que corri atrás dele com uma faca. Foi o mais baixo que cheguei. Eu corria pela casa toda gritando em fúria, quando de repente me dei conta, pela primeira vez, de mim mesma. Eu tinha enlouquecido. Estava louca, completamente descontrolada, e ele apenas ficou ali, olhando calmamente para mim. Me dei conta então de que precisava fazer alguma coisa para me ajudar.
Sheryl entrou para o Co-VSA logo depois daquele incidente. E nas reuniões ela começou a classificar sua perda de controle como codependência, e a si mesma como codependente. Hoje, ela está separada do marido e se divorciando. Está também sentindo-se melhor sobre si mesma.
Embora os exemplos anteriores sejam dramáticos, a codependência não é necessariamente sempre tão intensa. E nem sempre envolve experiências com pessoas profundamente perturbadas. Kristen é casada, tem dois filhos pequenos e não sabe de nenhum problema de alcoolismo ou desordens compulsivas em sua família, próxima ou distante. Mas assim mesmo ela se autodenomina codependente. Seu problema, diz ela, é que os humores de outras pessoas controlam suas emoções; e por outro lado, ela tenta controlar as emoções deles.
– Se meu marido está feliz e eu me sinto responsável por isso, então sou feliz. Se ele está aborrecido, sinto-me responsável por isso também. Fico ansiosa, desconfortável e aborrecida até que ele se sinta melhor. Tento fazê-lo sentir-se melhor. Sinto-me culpada se não consigo. E ele se aborrece porque tento – conta.
E acrescenta:
– E não é somente com ele que me comporto como codependente. É com todo mundo: meus pais, meus filhos, as visitas em minha casa. De alguma forma, parece que me perco em outras pessoas. Fico enredada nelas. Gostaria de fazer algo sobre isso, sobre essa coisa chamada codependência, antes que se torne pior. Não sou terrivelmente infeliz, mas gostaria de aprender a relaxar e começar a desfrutar de mim mesma e de outras pessoas.
Um pastor resumiu a condição desta forma:
– Algumas pessoas são realmente codependentes, e outras são apenas um pouquinho codependentes.
Escolhi os exemplos precedentes porque são interessantes e representam uma variedade de experiências. E também enfocam um ponto que precisa ser destacado: nenhum exemplo em si ilustra o codependente típico nem a experiência de uma pessoa. A codependência é complexa. As pessoas são complexas. Cada pessoa é diferente, cada situação é diferente.
Algumas pessoas têm experiências extremamente dolorosas e debilitantes com a codependência. Outras podem ser apenas moderadamente afetadas. Às vezes, a codependência é a resposta de uma pessoa ao alcoolismo de outra; às vezes, não. Cada codependente tem uma experiência singular, decorrente de sua situação, de sua história e de sua personalidade.
Mesmo assim, um denominador comum aparece em todas as histórias de codependência. Ele envolve nossas respostas e reações às pessoas à nossa volta. Envolve nossos relacionamentos com outras pessoas, sejam elas alcoólicos, jogadores, viciados em sexo, comedores compulsivos ou pessoas normais. A codependência envolve os efeitos que essas pessoas têm sobre nós, e como, em retorno, tentamos afetar-lhes. Como dizem os membros de Al-Anon: “Identifique, não compare.”
ATIVIDADE
- Você se identifica com alguma pessoa deste capítulo? O que o ajudou a pensar em si mesmo? Que relacionamentos lhe vieram à mente? Por quê?
- Pode ser útil registrar suas respostas a essas atividades num caderno de anotações e, também, escrever outros pensamentos e sensações que lhe ocorram enquanto lê este livro.
Do livro: Codependência Nunca Mais, Pare de Controlar os Outros e Cuide de Você Mesmo, [recurso eletrônico] Melody Beattie, 5ª Edição, Viva Livros, 2017