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Perdão

Princípios básicos para cuidar de si mesmo

Pedaços e bocados

PERDÃO


Desordens compulsivas como o alcoolismo torcem e distorcem muitas coisas boas, inclusive o grande princípio do perdão. Repetidamente perdoamos a mesma pessoa. Ouvimos promessas, acreditamos em mentiras e tentamos perdoar mais. Alguns de nós podem ter chegado a um ponto de não conseguir mais perdoar. Alguns de nós podem não querer mais perdoar, porque perdoar nos deixaria vulneráveis para nos magoarmos ainda mais, e achamos que não conseguimos suportar mais dor.

O perdão se revolta contra nós e se torna uma experiência dolorosa. Alguns de nós podem estar realmente tentando perdoar; alguns de nós podem pensar que perdoaram, mas a dor e a raiva não desaparecem. Alguns de nós não conseguem acompanhar as coisas que precisam perdoar; os problemas acontecem tão rapidamente que mal sabem o que está acontecendo. Antes de poderem registrar a dor e dizer “eu perdoo”, outra coisa desagradável já foi descarregada sobre eles.

Então nos sentimos culpados quando alguém nos pergunta: “Por que você não pode apenas perdoar e esquecer?” As pessoas mal informadas sobre a doença do alcoolismo e outros distúrbios compulsivos frequentemente perguntam isso. Para muitos de nós o problema não é esquecer. Perdoar e esquecer alimentam nosso sistema de negação.

Necessitamos pensar, lembrar, compreender e tomar boas decisões sobre o que estamos perdoando, o que pode ser esquecido, e o que ainda é um problema. Perdoar alguém não significa que temos de deixar que essa pessoa continue a nos machucar. Um alcoólico não precisa de perdão; ele ou ela precisa é de tratamento. E não precisamos perdoar o alcoólico, pelo menos inicialmente. Precisamos é nos afastar para que ele ou ela não continue pisando em nossos pés.

Não estou sugerindo que deixemos definitivamente de perdoar. Todos nós precisamos de perdão. Raiva e rancores nos machucam; tampouco ajudam muito à outra pessoa. Perdoar é maravilhoso. Limpa a alma. Elimina a culpa. Traz-nos paz e harmonia. Reconhece e aceita a humanidade que nós todos compartilhamos, e diz: “Está bem. Eu te amo de qualquer maneira.”

Mas acho que nós codependentes devemos ser gentis, amar e perdoar nós mesmos antes de podermos esperar perdoar os outros. Acho que nós codependentes precisamos pensar sobre como, por que e quando distribuímos nosso perdão.
Além disso, o perdão está intimamente ligado ao processo de aceitação ou tristeza. Não podemos perdoar alguém por ter feito algo se não aceitarmos totalmente o que a pessoa fez. Não adianta muito perdoar um alcoólico por ter tomado um porre se ainda não aceitamos sua doença de alcoolismo.

Ironicamente, o tipo de perdão que quase sempre damos para suavizar o remorso do “dia seguinte” pode ajudar a fazer com que ele ou ela continue a beber.

O perdão pode vir a tempo – em seu próprio tempo – se estamos nos empenhando em tomar conta de nós mesmos. Não deixemos que outras pessoas usem esse princípio contra nós. Não deixemos que outras pessoas contribuam para que nos sintamos culpados porque acham que devemos perdoar alguém, e ainda não estamos dispostos a isso ou não acreditamos que o perdão seja a solução adequada. Assuma responsabilidade pelo perdão. Podemos distribuir os perdões devidamente, baseados em boas decisões, em elevada autoestima e no conhecimento do problema com que estamos lidando. Não usemos mal o perdão para justificar machucar a nós mesmos; não o usemos mal para ajudar outras pessoas a continuar a machucando a si mesmas. Podemos trabalhar um programa, viver nossa vida e dar o Quarto e o Quinto Passos. Se estamos cuidando de nós mesmos, saberemos o que perdoar e quando é hora de fazer isso. E enquanto fazemos isso, não nos esqueçamos de perdoar a nós mesmos.


Continuação no próximo artigo.

Do livro: Codependência Nunca Mais, Pare de Controlar os Outros e Cuide de Você Mesmo, [recurso eletrônico] Melody Beattie, 5ª Edição, Viva Livros, 2017

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