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Perfeccionista?

 

Quem padece deste mal sabe bem como funciona. Quantas vezes não me gabei de ser perfeccionista? E onde isso me levou?? Ao desespero existencial…

“Só faço, quando souber fazer!”

“Hum, ainda não me sinto preparada…”

“Não sei tudo sobre aquele assunto, não posso falar sobre ele…”

“Não sei ainda fazer isto, não vou fazer, vou esperar até me sentir preparada…”

“Não me sinto suficientemente segura…”

“Ainda não me sinto capaz…”

E assim se adia uma vida… dando desculpas atrás de desculpas… Eu adiei, e ainda quantas vezes tenho essa tendência – querer ser perfeita, não querer errar, fazer tudo certinho…

E para quê? E porquê?

Ás vezes, quando se apoderavam de mim essas questões, num rasgo de consciência, perguntava-me:

“Se só existisse eu no mundo, ia querer ser perfeccionista?? Fazer tudo certinho?

Não! Então estou a fazer as coisas para mim ou para os outros??”

Sim, é preciso saber porque é que somos perfeccionistas, o que está por detrás disso? Será que queremos agradar o pai, a mãe? Será que queremos mostrar aos outros o nosso valor? Será que acreditamos que temos valor? Será que temos medo, e usamos a máscara do perfeccionismo para nos justificarmos de não tomar nenhuma ação?

Afinal, alguém nasceu ensinado???

E como se ganha experiencia? Não é fazendo?

Eu andei na Universidade, tirei um curso super teórico, que no inicio pouco me dizia, mas esperava que esse curso me desse segurança, capacidade, competências… Pelo menos era essa a imagem que se vendia… E quanto mais tempo passava mais frustrada me sentia, mais assustada – quanto mais perto do fim, menos eu sabia o que fazer com tudo aquilo que estava a encher o meu saco… Quando chegou a altura do estágio pensei que era a minha salvação… mas não…

No fim do curso pensei, se calhar, se eu tirar uma graduação, pode ser que me sinta mais segura e veja realmente o que posso fazer com isto…

Lá fui eu de novo, á procura da segurança, da competência, das capacidades, e aconteceu exatamente a mesma coisa… sem tirar nem pôr… E ali estava eu “preparada” para entrar no mercado de trabalho, e mais insegura e frustrada do que nunca… Desejando que onde me chamassem não me fizessem questões muito alargadas (já tinha estudado as respostas todas em casa…), ou mesmo que nem sequer me chamassem…

Esta foi a minha experiência, não posso falar por mais ninguém…

Mas agora eu sei que não é um curso, uma graduação, uma pessoa, um bem, dinheiro, ou seja lá o que fôr, que me vai dar segurança – tudo o que eu queria, esteve sempre dentro de mim…

A segurança, a competência, a capacidade, o amor, a felicidade, a alegria…

Ensinaram-me a procurar fora… mas afinal está tudo aqui tão perto, e quanto mais procurava mais me afastava…

Somos todos tão diferentes, cada um com as suas capacidades, seres  divinos, criativos… mas o que se faz? Formatam-se todos para serem iguais, tira-se-lhes o que têm de melhor, para os “normalizar”,  e os que não se conseguem ajustar, são colocados á margem, desprezados, porque não servem nos lugares que foram criados para eles…

E chamam a isto “sociedade civilizada”…

Elisabete Milheiro

 

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