
Quando achamos que temos algo a perder
Quando achamos que temos algo a perder paramos no tempo. Queremos agarrar tudo aquilo que já conseguimos até ali, para que não fuja; não temos a consciência de que sempre teremos melhor do que antes, mas que para isso precisamos continuar o caminho.
Quando fui internada para iniciar um processo de Recuperação, a minha vida estava num desgoverno total. Tinha começado novamente a tomar benzodiazepinas depois de “esgotar” todas as formas que conhecia, pois fazia uma semana que não conseguia dormir e senti-me obrigada a fazê-lo…
Mesmo sob o efeito dessa droga tão potente, os ataques de pânico e medo eram uma constante. Sentia-me impotente perante tudo o que sentia. Questionava-me da minha sanidade mental, pois não conseguia entender o que se passava comigo. Tinha medo de mim mesma, das minhas reacções, explosões; tentava ao máximo controlar-me…mas não se consegue controlar algo que já está descontrolado…
Mesmo aí eu achava que tinha algo a perder…analisei tudo o que via; julgamentos, criticas, desconfiança, medo. Ao menos aquilo que eu tinha era-me conhecido (como quem diz); essa realidade eu já estava inserida nela, mas o que ai vinha…
E se? E se não for nada disto? E se…e se…e se…
O que me fez dar o passo foi mesmo uma orientação interior que me fazia sentir que tinha encontrado o sítio certo – aquele que me responderia às perguntas que fazia a mim mesma desde que me lembro de existir…
Esquecemo-nos muito rápido daquilo por que passámos. Logo que começava a ver luz, começava a sentir que a poderia perder, então ao querer agarrar-me a ela perdia-a mesmo, e parava de Evoluir.
Quando achamos que temos algo a perder paramos no tempo. Queremos agarrar tudo aquilo que já conseguimos até ali, para que não fuja; não temos a consciência de que sempre teremos melhor do que antes, mas que para isso precisamos continuar o caminho.
Ainda sinto isso muitas vezes – o analisar e reflectir bem sobre uma decisão, pois e se aquilo não der o resultado que eu espero? E se ao “arriscar” estiver a pôr em questão o que já construi? E se…e se…
É o medo do novo, o medo da mudança, o medo de perder o que já tínhamos como garantia (como se algo, alguma vez, fosse garantido…).
No fundo nunca temos nada a perder, por muito que já tenhamos alcançado. É apenas uma ilusão. Nada é meu. Mesmo aquilo que tenho em minha posse ou em meu nome, a qualquer momento me pode ser tirado, ou eu posso simplesmente morrer e tudo deixa de fazer sentido…
Quando temos medo de perder, já perdemos…perdemos o comboio, o autocarro, ficámos para trás, perdidos numa paragem, pois achámos que ali a paisagem era melhor. Era melhor do que aquela que alguma vez havíamos visto. Mas se continuássemos não teríamos a possibilidade de ver uma ainda melhor?
Lembro-me quando viajei aos Açores e a cada lugar que visitava era mais lindo que o anterior, e a minha disposição era tão grande, queria continuar, ver mais e mais, era tudo cada vez mais Grandioso e Maravilhoso!
Assim é a vida, cada vez mais Grandiosa e Maravilhosa, mas se nos detivermos numa paragem não o conseguiremos apreciar!
Precisamos Viver o que temos Agora, neste momento, e passar para a experiência seguinte, confiantes, serenos, pois a Vida é Plena e Generosa, só nos proporcionando as melhores oportunidades para o nosso Crescimento e Evolução.
Precisamos parar de querer eternizar momentos, experiências, situações…o que vem a seguir será com certeza ainda melhor, logo que estejamos PRESENTES para o SENTIR, VIVER, EXPERIENCIAR!
Nunca temos nada a perder, Só a Ganhar!
Obrigado.
Elisabete Milheiro
Publicado em: 2012/02/25
Revisto em: 2016/10/22
Revisto em 08/2021
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