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Tenha um caso de amor consigo mesmo – 2ª Parte

Princípios básicos para cuidar de si mesmo

Tenha um caso de amor consigo mesmo

Podemos apreciar a nós mesmos e a nossa vida. Podemos cuidar de nós mesmos e nos amar. Podemos aceitar nossos seres maravilhosos, com todos os nossos erros, defeitos, pontos fortes, pontos fracos, emoções e tudo o mais. É a melhor coisa que possuímos. E somos quem devemos ser. Isso não é um erro. Somos a melhor coisa que jamais acontecerá connosco. Acredite nisso. Torna a vida muito mais fácil.

A única diferença entre codependentes e o resto do mundo é que as outras pessoas não implicam com elas mesmas por serem quem são. Todas as pessoas têm pensamentos similares e uma série de sentimentos. Todas as pessoas cometem erros e fazem algumas coisas certas. Por isso podemos nos deixar em paz. Não somos cidadãos de segunda classe. Não merecemos viver vidas de segunda mão. E não merecemos relacionamentos medíocres! Somos dignos de ser amados, e vale a pena que nos conheçam. As pessoas que nos amam e que gostam de nós não são tolas ou inferiores por isso. Temos o direito de ser felizes.5 Merecemos coisas boas.

As pessoas que parecem mais bonitas são iguais a nós. A única diferença é que estão dizendo a si mesmas que são bonitas, e estão deixando seu brilho próprio reluzir. As pessoas que dizem as coisas mais profundas, inteligentes e interessantes são iguais a nós. Elas se destacam por se deixarem ser quem são. As pessoas que parecem ser mais confiantes e tranquilas não são diferentes de nós. Elas superaram a si mesmas em situações difíceis e disseram a si mesmas que conseguiriam ultrapassá-las. Pessoas bem- sucedidas são iguais a nós. Elas seguiram em frente e desenvolveram seus dotes e seus talentos, e estabeleceram objetivos para si mesmas.

Somos também iguais às pessoas famosas: nossos heróis, nossos ídolos. Estamos todos trabalhando com o mesmo material: a humanidade. Como nos sentimos sobre nós mesmos é que faz a diferença. O que dizemos a nós mesmos é que faz a diferença. Nós somos bons. Somos suficientemente bons. Somos apropriados para a vida. Acredito que muito de nosso medo e de nossa ansiedade venha de repetirmos constantemente a nós mesmos que não estamos prontos para enfrentar o mundo e todas as suas situações. Nathaniel Branden chamou isso de “uma inominável sensação de ser inadequado para a realidade”.6

Estou aqui para dizer que somos adequados para a realidade. Relaxe. Aonde quer que precisemos ir e o que quer que precisemos fazer, somos apropriados para qualquer situação. Nos sairemos muito bem. Relaxe. Está certo ser quem somos. Quem ou o que mais podemos ser? Apenas façamos o melhor que pudermos. O que mais se pode fazer? Às vezes, não conseguimos fazer o nosso melhor; tudo bem. Podemos ter emoções, pensamentos, medos e vulnerabilidades quando passamos pela vida, mas todos nós temos. Precisamos parar de nos dizer que somos diferentes por fazer e sentir o que todo mundo faz e sente.

Precisamos ser bons com nós mesmos. Precisamos ser carinhosos e bondosos com nós mesmos. Como poderemos cuidar de nós apropriadamente se nos odiamos?
Precisamos nos recusar a entrar num relacionamento antagônico com nós mesmos. Deixemos de nos culpar e de nos fazer de vítimas; vamos ser responsáveis e acabar com a vítima. Fechemos os ouvidos à voz da culpa. Vergonha e culpa não servem a longo prazo. São úteis apenas momentaneamente, para indicar quando violamos nossos próprios códigos morais. Culpa e vergonha não são úteis como modo de vida. Vamos abandonar os “deveria”. Vamos conscientizar-nos de quando nos estivermos punindo e torturando, e então concentremo-nos em enviar a nós próprios mensagens positivas. Se devemos fazer algo, façamos. Se estivermos torturando a nós mesmos, vamos parar. Fica mais fácil. Podemos rir de nós mesmos, dizer-nos que não seremos trapaceados, dar um abraço em nós mesmos, depois tocar em frente e viver como escolhermos. Se a culpa é mesmo nossa, lidemos com ela. Deus nos perdoa. Ele sabe que fizemos o nosso melhor, mesmo se foi o pior. Não temos de nos punir com a culpa para provar a Deus ou a qualquer pessoa o quanto nos importamos.7

Precisamos perdoar-nos. Leia o Quarto e o Quinto Passos (veja o capítulo sobre como seguir o programa dos Doze Passos); converse com um religioso; converse com Deus; peça desculpas; depois acabe com isso. Precisamos parar de nos envergonhar. A vergonha, como a culpa, não serve absolutamente a nenhum objetivo a longo prazo. Se as pessoas nos dizem, direta ou indiretamente, que deveríamos nos envergonhar, não temos de acreditar nisso. Odiar ou ter vergonha de nós mesmos não ajuda, exceto no momento. Indique uma circunstância que possa ser melhorada se continuarmos a sentir culpa ou vergonha. Aponte uma ocasião em que isso tenha resolvido o problema. Como isso pode ajudar? Na maioria das vezes, a culpa e a vergonha nos mantêm tão aflitos que não podemos fazer o nosso melhor. A culpa torna tudo mais difícil.

Precisamos dar valor a nós mesmos, e tomar decisões e fazer escolhas que aumentem nossa autoestima. “Cada vez que você aprende a agir como se tivesse muito valor, sem desespero, da próxima vez fica mais fácil”, aconselha Toby Rice Drew em Getting them Sober [Deixando-os sóbrios].8

Podemos ser gentis, carinhosos, atenciosos e bons com nós mesmos, nossos sentimentos, pensamentos, necessidades, desejos e tudo de que somos feitos. Desenvolvamos nossos dotes e nossos talentos. Confiemos em nós. Aceitemo-nos. Podemos ser confiáveis. Respeitemo-nos. Sejamos verdadeiros. Honremos a nós mesmos, porque é aí que está a nossa mágica. Essa é a nossa chave do mundo.

Transcrevo abaixo um trecho extraído de Honoring the Self [Honrando o Self], um excelente livro sobre autoestima escrito por Nathaniel Branden. Leia com atenção o que ele escreve:

De todos os julgamentos pelos quais passamos na vida, nenhum é mais importante do que o que fazemos de nós mesmos, porque esse julgamento toca o centro de nossa existência. Nenhum aspecto significativo de nosso pensamento, motivação, sentimento ou comportamento deixa de ser afetado pela nossa autoavaliação.

O primeiro ato de honrar a nós mesmos é a afirmação do consciente: a escolha de pensar, de estar consciente, de direcionar a luz da busca da consciência para fora, em direção ao mundo, e para dentro, em direção ao próprio ser. Não fazer esse esforço é errar no nível mais profundo de nós mesmos.

Honrar a si mesmo é estar disposto a pensar independentemente, viver de acordo com a própria mente e ter a coragem de assumir as próprias percepções e julgamentos.
Honrar a si mesmo é estar disposto a saber não somente o que pensamos, mas também o que sentimos, queremos, precisamos, desejamos, nos faz sofrer, do que temos medo ou raiva – e a aceitar o direito de viver essas emoções. O oposto dessa atitude é a negação, a rejeição, a repressão – o autorrepúdio.

Honrar a si mesmo é preservar uma atitude de autoaceitação – o que significa aceitar quem somos, sem opressão ou castigo próprio, sem nenhuma pretensão sobre a verdade de nosso ser, pretensão destinada a enganar aos outros e a nós mesmos.
Honrar a si mesmo é viver autenticamente, é falar e agir a partir de nossas mais profundas emoções e convicções.

Honrar a si mesmo é recusar a aceitar culpas não merecidas, e a fazer nosso melhor para corrigir as culpas em que possamos ter incorrido.
Honrar a si mesmo é comprometer-se com nosso direito de existir que se origina do conhecimento de que nossa vida não pertence a mais ninguém, e de que não estamos aqui na terra para viver segundo as expectativas de outras pessoas. Para muitas pessoas, esta é uma responsabilidade assustadora.

Honrar a si mesmo é estar apaixonado pela própria vida, apaixonado pelas possibilidades de crescer e sentir alegria,
apaixonado pelo processo de descobrir e explorar nossas potencialidades humanas.
Por isso podemos começar a ver que honrar a si mesmo é praticar o egoísmo no sentido mais elevado, mais nobre e menos compreendido dessa palavra. E isso, devo dizer, exige enorme independência, coragem e integridade.9

Precisamos amar a nós mesmos e comprometermo-nos connosco. Precisamos dedicar a nós mesmos algumas das lealdades ilimitadas que tantos codependentes desejam dedicar a outros. Da alta autoestima virão os verdadeiros atos de bondade e caridade, não egoísticos. O amor que damos e recebemos será engrandecido pelo amor que damos a nós mesmos.


ATIVIDADE

  1. Como você se sente sobre si mesmo? Escreva sobre isso. Inclua as coisas de que gosta ou não gosta em você. Releia o que escreveu.

Do livro: Codependência Nunca Mais, Pare de Controlar os Outros e Cuide de Você Mesmo, [recurso eletrônico] Melody Beattie, 5ª Edição, Viva Livros, 2017

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